quarta-feira, 31 de agosto de 2011

"Eles estão entre nós (?)"

Este foi um dia de mudar TODOS os planos e escolher um roteiro totalmente fora do nosso mapa. A Má recebeu um e-mail de um amigo que está morando na região e ele confirmou algumas vontades nossas! O Rafa já estava querendo ir conhecer o gigante de Cerne Abbas, especialmente depois de ter visto foto da homenagem que fizeram a ele no lançamento do filme dos Simpsons. Estávamos na dúvida pois ficava meio longe de onde estávamos, mas o Daniel, amigo da Má, falou muito bem da região. Além disso, ele também falou da possibilidade de ver, no caminho, outro Crop Circle que talvez ainda não tivesse sido cortado e ainda outro White Horse, o de Uffington, o mais atigo de todos. Bom, não pensamos duas vezes: fizemos as malas, carregamos o carro, adiantamos o check-out, que seria apenas no dia seguinte, e partimos sem local definido para dormir naquela noite!!

Porém, antes de pegar a estrada, no café da manhã, perguntamos à nossa anfitriã sobre os Crop Circles: quais eram as teorias na região sobre sua formação... Ela disse que eles devem ser feitos por um grupo de pessoas, mas que a galera teima em falar que são mesmo feitos pelos E.T.s!! Será que "eles estão entre nós"?!? Hehe, deixamos aqui para cada um escolher sua opção... Mas sem nenhuma sombra de dúvida, o trabalho feito nas plantações e de uma perfeição e beleza admiráveis!
Bom, pegamos a estrada e fizemos o seguinte roteiro: primeiro uma paradinha básica na lojenha para a Má comprar (só) duas coisinhas! (eram presentes, então pode, rsrsrs). Em seguida, fomos para o que seria nossa segunda visita a um Crop Circle. Colocamos as coordenadas de sua possível localização no GPS e lá estava ele! Mesmo após duas semanas de sua formação, ele continuava lindo e perfeitinho. Neste segundo Crop que encontramos, talvez porque já estávamos mais "zen" depois de 4 dias no campo e porque ainda era pleno dia, conseguimos apreciar ainda mais o momento. Foi muito legal, dessa vez conseguimos nos sentar bem no centro dele e curtir o silêncio. Adoramos a experiência!!






Vista aérea deste segundo Crop Circle (reparem no detalhe de como o trigo parece sair do centro dos círculos, de dentro para fora... impressionante!!)




Depois, pegamos novamente a estrada rumo a Uffington, para ver o famoso cavalo branco. Este é considerado o primeiro de todos, um vovozinho de cerca de 5000 anos. Como o desenho é meio estilizado, não se tem certeza nem que seja um cavalo, pode ter sido outro animal parecido que existia na época... O local onde ele fica é realmente muito especial. O silêncio da região te acalma e faz querer aproveitar o presente. Sentamos nas cangas e ficamos ali tomando sol e apreciando a vista, uma maravilha! Daniel, valeu pela dica, adoramos!!








Dali, pegamos novamente a estrada e fomos para perto da costa sul da Inglaterra, na região de Dorset. Rodamos por várias estradinhas do interior, cada uma mais charmosa que a outra. Santo GPS que foi nos levando, sem ele estaríamos perdidos até hoje... O destino desta aventura era conhecer a cidadezinha de Cerne Abbas, onde havia o famoso gigante da foto do Homer abaixo! Outro "senhorzinho" de cerca de 5000 anos, uns pensam que ele representa a fertilidade e outros que se trata de um guerreiro. Provavelmente é um misto dos dois...
Quando chegamos no estacionamento para ver o gigante, uma cena engraçada: a Má foi na frente e começou a procurar pelo gigante pelado pintado na colina... nada dele... ela já estava achando que teríamos que pegar novamente o carro e andar mais um tempo. Foi nessa hora que ela viu um rapaz e, toda perdidinha, perguntou: "Moço, você sabe onde fica o gigante?". O rapaz apenas levantou o braço e apontou para atrás dela: "Logo ali...". Os dois cairam na gargalhada. O Rafa, que estava chegando logo atrás após ter trancado o carro entrou junto no riso!
Tiramos umas fotos (inclusive uma do Rafa tentando fazer a pose do Homer) e ficamos por ali um tempo apreciando o local. Impressionante como todos esses lugares que visitamos na região são tranquilos e serenos. É muito gostoso ficar ali, parece que o tempo pára!

Rafa tentando imitar a pose do Homer (ver abaixo). Ele pensou em ficar de cueca, mas tinha muita gente por ali...
Homer Simpson ao lado do Gigante de Cerne Abbas
Saímos de lá, inicialmente na dúvida se dormíamos ali ou seguiamos viagem. Depois de conversar um pouco à respeito, decidimos ir para a costa. Vamos para a praia, Uhuuu! Detalhe: devia estar uns 10 graus no máximo, e a água ali deve ser um gelo, mas queríamos ir assim mesmo só para ver a vista! 
Chegando na costa, fomos à procura de um lugar para dormir. No primeiro B&B que paramos, a senhorinha tinha quarto disponível, nos mostrou o que tinha, mas antes de ficarmos ela nos aconselhou a ir também ver a cidade vizinha, um pouco maior, que teria mais opções tanto de lugares para dormir mas também para jantar à beira da praia. Disse para irmos lá e escolhermos o que fosse melhor para nós, se quiséssemos voltar o quarto estaria disponível! Pode uma coisa dessas? Ela foi realmente muito fofa e nos ajudou muito, mesmo indo contra o interesse dela... acabamos escolhendo um B&B na outra cidadezinha, mais próximo da praia.
A dona deste B&B também foi muito gentil conosco, nos deu dicas de onde comer e agilizou nosso check-in para que não perdessemos a janta... afinal já era "tarde", 20:45h, e os restaurantes lá param de servir às 21h. Realmente é difícil se adaptar a esse horário inglês! Depois do jantar à beira mar, vimos em frente ao restaurante um grupo de jovens (loucos) DENTRO DO MAR... a Má quase morre de frio por eles, rsrsrs

Tem doido pra tudo...


Ainda fomos tomar um chopp em um Pub, onde o Rafa pôde apreciar umas Guinness, já com gosto de despedida! O dia seguinte seria o da volta para Londres, deixando essa tranquilidade para trás e voltando para a cidade grande... ficamos com vontade de voltar para a região. O Sudoeste da Inglaterra nos surpreendeu pelo seu acolhimento, comida boa e paisagens belíssimas. See you soon, we hope!!!

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Stone Henge e Silbury Cathedral



Acordar, acordar, acordar... as pernas pediam mais uns minutinhos de descanso... as vezes é possível atender tais desejos, mas nesse dia não: tinhamos planos de conhecer o monumento mais importante e famoso da região: Stone Henge! Acordamos, comemos um delicioso café da manhã e tomamos nosso rumo!
A caminho de lá, mais uma vez o monumento de Silbury cruzou nosso rumo. Desta vez resolvemos parar para tirar umas fotos. Silbury é outra construção datada entre as eras de pedra e bronze. Seu modo de construção ainda permanece um mistério. Três equipes de arqueólogos já tentaram em vão encontrar respostas e, durante as escavações, prejudicaram sua estrutura. Por isso hoje não é mais permitido chegar próximo nem escalar este morro. O monumento é um morro artificial, feito em pedra de giz, do tamanho das pirâmides menores do Egito. Trata-se do maior monumento pré-histórico da Europa e um dos maiores do mundo.




Tirada nossa fotenha, fomos para Stone Henge. Já da estrada avistamos o famoso círculo de pedras em forma de ferradura. Simplesmente lindo! Este monumento faz parte de um dos tesouros do National Trust e do English Heritage, órgãos que tomam conta de lugares de significância histórica, garantem sua preservação e organizam seu turismo. Ele é uma das provas que ainda estão de pé de que o homem da pre-história tinha conhecimentos muito avançados, ainda não entendidos por nós. É composto por uma vala cavada pelo homem, onde no meio foi construída uma elevação de terra em forma de círculo. Sobre esta, eles formaram dois arcos em forma de ferradura, com dois tipos de pedras, algumas pesando mais de dez toneladas. Algumas das pedras são colocadas sobre duas outras, formando uma espécie de "laje" sobre dois pilares. Estas pedras vieram de locais até 290 Km ao norte. Os arqueologistas conseguiram descobrir que o monumento tem cerca de 5000 anos, mas não se tem informações sobre como foram feitos ou porque. Tudo isso gera grandes especulações... mas o legal é pensar que há tanto tempo atrás o pessoal já conseguia fazer construções deste nível, com ferramentas criadas por eles. O homem da pedra não era tão "ogrinho" assim!
Ficamos por ali na região apreciando a beleza do monumento por um bom tempo. O silêncio ali era inspirador! Os pássaros teimavam em fazer revoadas e volta e meia pousavam sobre as pedras! Uma poesia, linda de ver!!






Depois disso, fomos para Salisbury, uma cidade medieval famosa por sua catedral e coral que religiosamente se apresenta todos os dias. Chegamos lá e a cidade é realmente uma gracinha, não tão charmosa quanto Lacock, mas ainda preserva aquela atmosfera medieval em sua arquitetura. Almoçamos por lá e logo em seguida fomos para a Catedral. Sim, ela é majestosa! Toda em estilo gótico. Entramos e lá estava o coral! Lindas vozes a enfeitar a missa! Como toda missa celebrada durante a semana, foi curta, teve duração de apenas 30 minutos. As únicas partes faladas foram as leituras e a benção, todo o restante foi cantado pelo coral.





No final da missa, demos uma volta pela catedral e descobrimos que o local tem uma super tradição com coral. Há alguns séculos, os coralistas ensaiam individualmente duas vezes ao dia e todos juntos diariamente antes da apresentação durante a missa. Em 1991, a direção da igreja permitiu a entrada de mulheres no coral, e hoje elas são parte integrante e fundamental deste lindo conjunto. Uaaau, o negócio é realmente profissional!!
Terminado nosso passeio, fomos pegar o carro antes que o estacionamento fechasse. mais uma vez nosso carro era o último, e eram apenas 19:00h. Decidimos então já nos dirigir para algum restaurante, para não ficar sem jantar. Após isso voltamos ao nosso B&B, dormir com os anjos!


Últimos do estacionamento de novo... e homenagem à famosa foto que sujou o vestido de noiva da Má!




segunda-feira, 29 de agosto de 2011

"Carnaval" em Devizes e um cartão postal chamado Lacock

Acordamos, atrasados, e tomamos café sob o olhar impaciente de nossa anfitriã. Depois, pegamos a estrada e fomos para o tal carnaval em Devizes, para o qual nos haviam tão gentilmente convidado na tarde anterior. Como o senhor havia previsto, realmente esse era o evento da região naquele dia. Ao contrário do que ocorre no Brasil, o carnaval aqui é uma festa bem família. O centrinho da cidade estava repleto de famílias, jovens, crianças, cachorros e idosos. Havia diversas barraquinhas, de tudo quanto é tipo. Umas vendiam comidas típicas, outras roupa, acessórios, e coisas usadas, etc.. Era uma mistura de feira hippie com mercado de pulgas. Havia também naquela hora um palco com apresentação de música da Jamaica. A galera, pelo visto, estava curtindo bastante o show!


Rua onde estacionamos em Devizes 





Numa parada por acaso em uma loja de conveniência, a Má ficou vendo os cartões postais e encontrou uma vila medieval histórica que parecia ser linda. Achamos que valia a pena sair do carnaval e ir até lá visitar.Chegamos lá e realmente a cidade é uma maravilha. Lacock é uma cidade medieval histórica. Mais recentemente, viveu ali o famoso Sir William Talbot, que não apenas inventou a fotografia como também foi um grande botânico, astrônomo e engenheiro. O cara era um auto-didata e deixou um grande legado de conhecimento.
No caminho para Lacock, casas típicas da região

Igreja e bar a caminho de Lacock 

Visitamos o jardim de sua "humilde" moradia, um imenso monastério construído há mais de 800 anos, ao redor do qual a cidade se ergueu e que a família Talbot morou por 5 gerações. O jardim é esplêndido, e a casa também deve ser, mas infelizmente não conseguimos visitá-la pois ainda não conseguimos nos habituar com o horário dos locais. Tuuudo aqui fecha no máximo às 17:30... Quase ficamos trancados no jardim... Aí fomos dar uma volta na cidadezinha, onde tudo já estava fechado. Ela é um charme, todas as fachadas foram mantidas tais quais desde a idade média!  Para não perder o jantar, fomos de lá direto a um Pub!









Barrados no baile...

 


Como sempre, os últimos a sair...


domingo, 28 de agosto de 2011

Natural Mystic*

* o nome desse post é uma homenagem à nossa música "tema", do CD do Bob Marley que o Rafa colocou no churras no dia q nos conhecemos e a Má disse: "nossa, vc colocou Bob, adoro..." e depois disso... viveram felizes para sempre, rsrsrs








Iniciamos o dia com um delicioso café da manhã. O Rafa optou pelo "full English breakfast" (com bacon e sausage) e a Má pelo "café  mairês" (com linhaça e yogurt" :-). Logo após o café fomos para Avebury, cidade onde está o Stone Circle.



Fomos então conhecer o Stone Circle, o maior círculo de pedras (megaliths) do mundo. Falando assim, parece meio sem sentido, mas essa região é considerada um patrimônio da humanidade e de grande valor arqueológico. Tanto esse Stone Circle quanto Stonehenge (mais famoso) datam da pre-história, entre a idade da pedra e a era do bronze. Não se sabe ao certo qual era a função deles, até hoje permanecem um mistério para nossos historiadores.





O mais interessante disso é percebermos que já naquela época o homem possuía conhecimentos refinados de engenharia, astronomia e agricultura. Eles levantaram pedras enormes, de muitas toneladas, faziam escavações e construíam monumentos, tudo calculado de forma a fazer o sol bater em certos ângulos e gerar sombras específicas em dias e horas determinadas. E tudo isso com instrumentos muito rudimentares, ou então desconhecidos para nós... 


Foi impressionante vermos com os próprios olhos esses rastros deixados por nossos ancestrais longínquos. Outro detalhe interessante é que esses monumentos foram construídos possivelmente na mesma época em que os egípcios faziam pirâmides, e talvez tenha havido comércio entre essas duas civilizações.






Nosso passeio pelo Stone Circle foi acompanhado de 2 guias experts no assunto, autores de livros à respeito. Fizeram várias demonstrações do campo energético e magnético existente no local e nas pedras. Impressionante!!
Terminado o passeio, tentamos almoçar num restaurante ao lado, mas a espera de uma hora nos fez desistir. Compramos um lanchinho na vendinha da cidade e fomos pro carro, que estava num estacionamento há uns 10 min de caminhada dali. No caminho, o tempo fechou rapidamente e caiu um toró daqueles. Sem nada para nos proteger, ficamos totalmente ensopados... só rindo, ou melhor, gargalhando, da nossa situação.


Corremos até o carro e fomos para o hotel trocar de roupa. Detalhe: a Má ficou sem o único casaco da viagem e o Rafa já não tinha mais calça jeans limpa... Ainda bem que a dona do hotel se dispôs a lavar e secar a roupa na máquina. Secos, de banho tomado e alimentados, voltamos para o carro e pensamos: "E agora, são 4 da tarde, o que fazer?"
Queríamos encontrar os famosos Crop Circles (desenhos enormes feitos nos campos de trigo). Fomos então a Devizes, atrás da agência de informações ao turista. Por ser domingo, estava fechada, mas por sorte conhecemos na rua dois senhores muito gente boa. Um deles nos convidou para voltar no dia seguinte para o carnaval da cidade e o outro fez questão de nos levar até a estrada onde conseguiríamos achar algum Crop Circle ainda não cortados (chegamos na época da colheita, por isso temia que os que tinham aparecido nas semanas anteriores teriam sido cortados).Começamos então nossa busca pelo primeiro Crop Circle. O caminho sugerido não nos levou ao Crop Circle em si, mas vimos o primeiro White Horse da viagem!
Os White Horses são desenhos de cavalo esculpidos no chão de colinas na pedra calcária. As pessoas raspam a superfície até chegar no calcário, e depois o mantém assim ano após ano... Os primeiros cavalos foram feitos na região entre as idades da pedra e do bronze, depois viraram uma tradição, existem uns 5 ou 6 por ali.
Depois de andarmos bastante nas estradinhas, já pensando que esse não seria o dia de ver o Crop Circle, cruzamos uma senhorinha subindo uma ladeira absurda no meio do nada. Perguntamos e ela nos indicou que havia um, ainda não cortado, no pé de outro cavalo branco e de um obelisco. Nos apontou o caminho, e fomos atrás. Chegamos no local indicado, acompanhados de um arco-íris de ponta a ponta do vale, uma visão linda! Bom, ao olhar ao redor, nada de ver Crop Circle. Resolvemos subir o morro do obelisco para ver se de cima avistávamos o prometido desenho. 



Subimos, subimos, subimos, até nossos calçados ficarem bem úmidos e brancos do calcário e barro no piso. Mas valeu a pena: no meio do caminho, enquanto tirávamos umas fotos, avistamos do outro lado da estrada o tão esperado! Lá estava ELE! Uhhuuuu! Ganhamos o dia!
Após tirarmos umas fotos da vista de cima, descemos o morro correndo para aproveitar a luz do dia e ainda ir andar nele. Pegamos o carro e, apesar de termos feito o caminho mentalmente lá de cima, ainda precisamos da ajuda de duas pessoas que passeavam seu cachorro para nos guiar em nossa odisséia.
Enfim, chegamos! Atravessamos a plantação de trigo, afundando alguns centímetros no barro do chão molhado, para podermos andar dentro dele. Impressionante o trabalho! Perfeito!!! Quem os faz, faz muito bem. O trigo dentro do desenho fica dobrado, rente ao chão, e o que mais impressiona é que ele segue o fluxo do desenho. Por exemplo, quando há um círculo grande, há um ponto no centro do qual todo o trigo dobrado parece emergir, "fluindo" em direção às bordas do círculo. É realmente impressionante!!

Nós no Crop Circle





Ficamos ali feito duas crianças, saboreando o momento ali dentro. Por coincidência, o Rafa tinha gravado no iPhone e dele a imagem aérea deste Crop Circle específico. Assim, foi como ter um mapa e sabíamos sempre onde estávamos no desenho. Chegamos ao centro dele e ali ficamos, assistindo a um lindo por do sol, especial! Realmente foi uma experiência muito especial! Saímos de lá ainda extasiados por tê-lo encontrado. Voltamos para a cidade para comer algo e fomos dormir, muito felizes.





Vista aérea do Crop Circle onde andamos