sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Últimas emoções da estrada nos Himalaias


Hoje foi o dia de nos despedirmos dos motoristas e cozinheiros que nos acompanharam durante esses dias de aventuras nos Himalaias. Logo de manhã já tiramos várias fotos com eles, foi bastante emocionante. Eles cuidaram muito bem da gente esses dias, os motoristas zelando por nossas vidas nas loucas curvas dessas estradas e os cozinheiros garantindo que tivéssemos comida relativamente aceitável para nosso paladar e organismo ocidental. Valeu!!







Depois pegamos a estrada novamente. Dessa vez, a grande aventura do dia foi um local onde tivemos que parar do nada pois acabava de acontecer um tremendo deslizamento de terra kilométrico numa encosta. Vários indianos e um cara com um tratorzinho estavam limpando a estrada. Vimos que a terra ainda estava bastante instável, pois era terra bem fina misturada com pedra, e qualquer vibração fazia rolar um pouco de terra morro abaixo... Depois de uma meia hora de trabalho, finalmente os carros e motos começaram a passar. Quando chegou nossa vez, passamos com o coração na mão, torcendo para que não continuasse o deslizamento enquanto estávamos ali.











Felizmente estamos a salvo! Chegamos a Rishikesh, com uma sensação de "home sweet home". Já conhecemos o Ashram, os lugares onde se come bem na cidade, etc.. Além disso, ficaríamos 3 noites no mesmo lugar, algo inédito desde que saímos do nosso veleiro na Grécia. Inclusive, depois de dormirmos um pouco e começarmos o longo processo de lavagem de roupa de algumas semanas, nossa primeira providência foi sair pra jantar no restaurante italianos que já conhecíamos bem! Depois fomos descansar na nossa "casinha", o apê onde estamos ficando no Ashram...

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Finalmente um gorózin indiano!!!


Hoje foi mais um dia de viagem de jipe interminável! Os Himalaias impressionam não apenas por sua beleza, mas também pela quantidade de estradas sinuosas e em mal estado de conservação... Aqui, quando vemos uma placa que diz que faltam 58 Km, sabemos que ainda faltam 2 horas ou mais de viagem, pois a velocidade média é de cerca de 30 km/h...
O trajeto hoje era sair de Badrinath e ir dormir em Rudrapraiag, onde tinhamos parado na ida também. Esta cidade fica aproximadamente na metade do caminho até Rishikesh, nosso destino final com os jipes.







No caminho, paramos numa cidade chamada Joshimath. Esta cidade tinha um interesse especial para o Rafa: é o local onde fica a estação de esqui mais famosa da Índia! Ainda não há neve até novembro, mas ele queria assim mesmo conhecer e se informar...


Antes, porém, fomos com o grupo visitar um templo. Lá chegando, fomos recebidos por um senhor muito simpático, que ficou todo empolgado com a visita de um grupo tão grande de brasileiros. Ele nos explicou várias coisas a respeito de vedanta, nos levou para fazer uma meditação na caverna ao lado do templo, tirou várias fotos com o grupo e anotou nosso endereço para mandar livros e coisas do tipo. O interessante é que ele não é um Swami, apenas uma pessoa interessada em vedanta, que passa cerca de 2 meses por ano ali, mas leva uma vida profissional normal, como advogado.








Depois, o Rafa foi conhecer o dono da principal agência de turismo-aventura local. A conversa foi super legal, o cara também faz snowboard e disse que a estação é bem legal, que esquia-se entre árvores num cenário lindo! Também falou que eles tem várias opções para aproveitar os fora de pista: organizam caminhadas carregando o snow, tem um esquema de moto-ski, e estão querendo montar um esquema de Heli-ski para esta próxima estação! E aí Leo, vamos combinar a próxima snow-trip aqui nos Himalaias?!!


Bom, depois retomamos a estrada e finalmente chegamos ao nosso hotel em Rudrapraiag ao anoitecer. Já antes do jantar, uma ótima noticia: um de nossos amigos do grupo, o Hermes, disse que tinha conseguido uma bebida local. Como era pouco e não era permitido por ser uma cidade sagrada, pediu que guardássemos sigilo... Ok, jantamos ao ar livre e ficamos por ali batendo papo com o pessoal.


Dali há pouco, os motoristas colocaram música indiana no som do carro e começaram a dançar! Parecia aquelas cenas da novela Caminho das Índias, onde os homens dançavam juntos... A galera se empolgou, batemos muitas palmas e demos muita risada. Aí apareceu o cozinheiro, visivelmente chapado e cambaleando. Os caras tentavam convencer ele a dançar, mas ele queria mesmo deitar num canto e dormir. O Rafa comentou com o guia: "o café da manhã amanhã será às 11h!" Deram muita risada, e o Rafa perguntou onde arrumava o que o cozinheiro tinha tomado. O guia, que já tava esperto, apontou para o Hermes: "ele já tem, pede pra ele..."






Esperamos um tempinho para o grupo se dispersar, para não chamar muita atenção. Aí o Hermes trouxe do quarto dele dois copos de Kacchi. Trata-se de uma bebida local feita a partir de arroz, tal como o Saquê. Porém, é bem mais forte do que Saquê, tem gosto de bebida destilada e deve ter uns 35º. O Rafa, depois de 2 semanas de abstinência, adorou a sensação de ficar alegre! Em seguida, fomos dormir felizes para descansar e nos preparar para a longa estrada do dia seguinte...

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Última vilazinha da Índia

Despertamos cedo e apreciamos a linda vista do nosso quarto: as montanhas! Fomos para o café e, em seguida, pegamos novamente os carros, mas dessa vez para uma jornada bem curtinha: a última cidadezinha da Índia antes da fronteira com a China, que fica a apenas 4 km de Badrinath, estava nos esperando. Lá chegando, caminhamos um pouco pelas ruelas da cidade, chamada Mana, observando as pessoas e casas. Foi interessante notar como os traços dos rostos já eram mais para tibetanos e como a arquitetura das casas de montanha era distinta da que vimos até agora no resto da Índia.

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Este local é especial para os Hindus, pois acredita-se que ali, em duas caverns que visitamos, foram escritos os Vedantas. Antes disso também fomos andando até uma cachoeira que tem uma pedra grande atravessada por cima, que os Hindus acreditam ter sido colocada ali por um dos famosos 5 irmãos que mencionamos anteriormente, para permitir que sua esposa passasse.
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Após o passeio pela fronteira e termos tomado o "último chá da Índia", voltamos para o hotel em Badrinath. Almoçamos e fomos conhecer a cidade. Enquanto Kedarnath é a cidade de Shiva, Badrinath é a morada de Vishnu, a representação de Deus que se encarrega de preservar o que é correto e bom.  Lá há um belo templo em sua homenagem e outro ao lado em homenagem à sua mulher, Lakshmi, a representação de Deus responsável pela prosperidade e abundância.
Várias pessoas ficaram encantadas com as muitas lojinhas, a caminho do templo, que ofereciam diversos tipos de souvenirs e roupas. A gente acabou parando apenas na barraquinha do Nescafé, onde havia uma máquina dessas que faz vários tipos de bebidas quentes, até sopa de tomate! Infelizmente o café era muito muito doce, o que deixou o Rafa com ainda mais saudade de seus expressos...
Chegamos ao templo e apreciamos sua beleza. Este é um templo da idade média em muito bom estado, e o que mais chamou nossa atenção foi o piso de madeira. O Rafa foi chamado por um Brahmane (espécie de sacerdote hindus, que pertencem à casta que se dedica às questões da vida religiosa) que lhe falou sobre a proteção divina do Deus "local" e lhe amarrou uma pulseirinha no pulso, no melhor estilo "lembrança do nosso Senhor do Bomfim"... Felizmente, segundo nosso guia Karan, um menino do Nepal gente finíssima, essa fita ele pode remover e jogar no Ganges, que trará bons fluídos. Alias, aqui na Índia eles têm uma ligação tão forte com o Ganges que não deve haver nada melhor a fazer com a fitinha mesmo!
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Depois, ainda visitamos mais dois templos. O primeiro era bem rústico, mas nos chamou atenção pela bela cerimônia do fogo que estava sendo feita ali. Eles ficam durante nove dias atirando umas sementes no fogo e entoando mantras que homenageiam os nove planetas e pedem harmonia no universo! Já o segundo ficava no topo de uma encosta. Ele era repleto de imagens e figuras de Krishna e tinha várias fotos mostrando o poder de controle da mente de seu Swami, que aparecia praticamente nu em meio à neve e ao gelo! Que frio, rsrsrs!!!

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Finalmente, voltamos para o hotel onde ficamos numa salinha do restaurante com vista para as montanhas, tomando chá e conversando numa mesa grande! Foi muito gostoso!
Depois, jantamos e acabamos nos juntando novamente ao nosso casal de amigos Ana e Geraldo, com quem ficamos conversando até bem tarde sobre os desafios da vida corporativa! A Ana fez uma bela carreira numa grande empresa, antes de decidir se desligar daquilo tudo e se dedicar à vida acadêmica. Ela tem muito a nos ensinar sobre esse caminho e o Rafa adorou as lições dela e do Geraldo! Foi muito legal!
Finalmente, fomos descansar para enfrentar mais um longo dia de carro no dia seguinte...

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Pelas curvas sinuosas do Himalaia…

Acordamos cedo, tomamos nosso café da manhã no pátio do hotel! Foi bem gostoso, pois no refeitório estava muito abafado e lá fora tinha uma brisa bastante agradável.
Pegamos o nosso jipe e seguimos em direção de Badrinath. Uau... A estrada é uma verdadeira loucura! Várias partes de terra, quedas de barreiras, passagens em meio a cachoeiras, lugares onde parece não ter espaço nem para uma moto passar, mas nós passamos assim mesmo de jipe, as vezes ainda cruzando com algum caminhão ou ônibus local... E sempre o velho esquema das buzinas, parece até que os caras têm uma língua própria, tipo um código morse da buzina, em que eles se comunicam e se entendem.

2011-09-27 Com lenço e doc_India

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Paramos num verdadeiro muquifo para almoçar, e nossos cozinheiros já estavam lá (sim, o grupo tem uma pequena equipe de cozinha que nos acompanha nesses lugares remotos, pois muitas vezes não teria o que comermos, ou seria tão apimentado que ninguém agüentaria...). Dessa vez, preparam a comida literalmente no chão, e tivemos que superar mais uma vez nossos preconceitos para encarar essa refeição.
Continuamos a viagem e, a medida que fomos subindo, as paisagens de montanha foram ficando cada vez mais bonitas! É realmente imponente a beleza dos Himalaias! Chegando a Badrinath, nos instalamos e jantamos no hotel, para em seguida fazermos uma roda e termos uma medição guiada por nosso "guru", que foi muito legal e relaxante! Depois disso, cama, pois afinal estávamos exaustos e queríamos aproveitar o dia seguinte!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

"O helicóptero é Shiva, o destruidor do tempo!"

Amanheceu mais um dia glorioso nos Himalaias. Para a maioria do grupo, que resolveu descer de helicóptero, uns para poupar as pernas e pulmões cansados e outros apenas para apreciar a vista de cima, este seria definitivamente um dia especial.


2011-09-26 Com lenço e doc_India
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A descida de helicóptero transformou o que seria cerca de 6 horas de caminhada em cerca de 6 minutos de vôo, mas que vôo impressionante! A beleza era tal que dava vontade de ficar ali voando por horas! Para muitos do grupo, aquela foi a primeira vez num helicóptero, o que em si já é uma tremenda experiência! O Andres brincou que nunca tinha visto o grupo tão feliz, e que o helicóptero é Shiva, já que destrói o tempo, transformando horas em minutos!

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Quando todos chegaram à base, pegamos os carros e enfrentamos umas 5 horas de estrada bem difíceis para chegar a Rudrapraiag, de onde partiremos amanhã cedo de carro para Badrinath, outra cidade sagrada para os Indianos.
Depois que todos chegaram ao hotel, inclusive os poucos corajosos que tinham descido a pé, jantamos e fizemos uma roda para conversarmos sobre o dia de amanhã. Badrinath é a cidade dedicada a Vishnu, que é a representação de Deus em sua forma de mantenedor do que é bom e correto. Ouvimos um pouco a respeito de suas principais encarnações, como Rama e como Krishna. Também ouvimos sobre sua mulher, Lakshmi, a Deusa que representa fortuna e abundância.
Em seguida, ficamos mais um tempo conversando com nossos amigos Ana e Geraldo, até sermos expulsos do pátio do hotel e irmos para nossos respectivos quartos, descansar para nos preparar para amanhã.

domingo, 25 de setembro de 2011

Curtindo os Himalaias

Após um merecido descanso de cerca de 12 horas, acordamos para o café da manhã e logo fomos abençoados com a vista do nosso quintal, os Himalaias!! De encher os olhos! O Rafa se juntou ao Geraldo e ao Hermes para fazer uma caminhada matinal até um templo no topo de um dos morros mais próximos, que conseguíamos ver do nosso hotel e que devia ter uma tremenda vista. A Má, como boa parte das mulheres do grupo, não se sentia muito bem ainda, e ficou descansando ao sol junto a elas, na frente do hotel.








A subida dos homens para o templo foi maravilhosa! Pararam diversas vezes para tirar fotos e apreciar a linda vista, além de respirar fundo aquele ar puro mas de oxigênio rarefeito. Chegando ao templo, uma surpresa: um homem, que se dizia o Baba, espécie de guardião do templo que mora ali nas montanhas, estava ali nos esperando. Em seu inglês precário, conversou um pouco com eles e fez a previsão que o Rafa voltaria para esse templo no ano que vem, já sendo pai... [sem comentários: ser pai no próximo ano tudo bem, agora qual é a chance do Rafa voltar ali, rsrsrs]





Tiraram diversas fotos e participaram de uma pooja com alguns outros Sadhus (renunciantes que dedicam a vida à busca de conhecimento espiritual). Depois também conheceram um grupo de 3 peregrinos que estavam caminhando há quase dois meses, cerca de 900km, e ainda tinham mais quase um mês e dois destinos distantes pela frente.
 





Depois, decidiram sair dali e caminhar mais um pouco para um platô ali perto, para apreciar a vista e conversar um pouco sobre a vida. Para o Rafa, esta foi uma das conversas mais legais da viagem, onde ele pôde ouvir as experiências de vida de duas pessoas muito legais e pensar um pouco a respeito. Foi tão legal essa conversa que, no fim do dia, ele resolveu voltar lá em cima para deixar ali a pedrinha que ele havia carregado desde o inicio da caminhada a fim de doar para Shiva...



Na volta para o hotel, almoçamos e, enfim, recebemos nossas malas!! Colocamos roupas quentes e fomos caminhar com o grupo todo, para conhecer a cidade e sentar um pouco à beira do rio para apreciar a vista e meditar. Para a Má, este foi um dos momentos mais especiais da estadia em Kedarnath. Depois, fizemos uma roda sentados atrás do templo de Shiva e ficamos conversando sobre o significado daquilo tudo. Foi muito inspirador!

Antes de trocar de roupa, finalmente um banho quente... mas de balde, afinal chuveiro aqui seria luxuoso demais, rsrsrs











Em seguida, o grupo se dispersou. O Rafa encontrou o Andres, nosso guru gente finíssima, que o convidou para jogar xadrez com uns locais. Foi uma experiência divertida, acabou juntando um grupinho de pessoas para ver o segundo jogo de Brasil vs. Índia, já que o Andres havia jogado e ganhado de manhã. Foi um jogo legal, com várias reviravoltas, mas que acabou empatado... Ao menos mantivemos a vantagem brasileira no placar geral, rsrsrs!






Depois o Rafa fez sua caminhada novamente até o platô e fomos todos jantar. No final ficamos novamente com nosso casal de amigos, Ana e Geraldo, conversando e tomando um chá. Fomos dar uma volta para ver as estrelas, que naquele lugar isolado, alto e com pouca luz, brilhavam como diamantes no céu! Parecia que não caberia mais nenhuma, vimos a via láctea e nos lembramos da nossa subida noturna para o monte Sinai, que fizemos na lua de mel! São raras as oportunidades que temos na vida de apreciar o céu noturno em locais como este, e temos que aproveitá-las! Finalmente fomos dormir para nos preparar para a nova experiência do dia seguinte: descer de helicóptero para a base da caminhada!